Somos educados e ensinados que a literatura brasileira é aquela que tem reconhecimento da mídia, imprensa em que normalmente são autores homens brancos e do eixo Rio-São Paulo.
Na minha época de escola, tive zero acesso a outro tipo de literatura do que a descrita acima, fui orientada por excelentes professores de língua portuguesa e literatura, mas que nunca me apresentaram poesia popular, literatura indígena e negra.
Não os culpo, eles também foram educados desta forma.
Recordo que, adolescente, conheci e virei fã incondicional do Machado de Assis, pela sua escrita, mas, principalmente, por ser negro. Ele era para mim uma forte representação de um povo silenciado, sendo o único que podia expressar e ser reconhecido.
Hoje vejo amigas professoras que apresentam em suas aulas a literatura de cordel, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo e o Slam, é magnífico como seus alunos amam essa literatura. Ainda acho que precisa de muito mais, porém fico feliz em ver que existe uma outra perspectiva.
A literatura brasileira é rica e não se limita a determinados padrões ou estereótipos, aprendemos muito sobre a poesia erudita e pouco conhecemos sobre a poesia popular que é predominante no Nordeste, tão rica e estruturada quanto a primeira; em vez de ser reconhecida como literatura brasileira, acaba sendo nomeada como literatura nordestina.
As rimas e poesias que vêm das periferias representam toda uma população, mas é só considerada como literatura periférica.
A indígena, que deveria ser a estudada nas escolas, por contar nossa história, é praticamente esquecida.
Nossa literatura é rica e maravilhosa, contudo está fragmentada.
Ouvimos sempre que o brasileiro lê pouco, porém tenho me questionado se isso ocorre devido ao fato de a maioria das pessoas não se identificarem nos livros.
E se os autores que estão à margem fossem introduzidos e divulgados, será que esse cenário mudaria?
Acredito que sim, por isso cabe a mim e a tantos outros conhecer, divulgar e ensinar a riqueza literária do nosso país.
*Este texto foi realizado para o módulo de Seminários, por Carla Vitor.
Este artigo foi escrito por um grupo de alunos, confira o nome dos autores na nota de rodapé.